
A crônica de brasil 0 x 0 portugal começa com interatividade. O jogo foi a) sonolento b) horroroso c) as duas alternativas anteriores. Não é muito difícil. Aos 51 do segundo tempo, o árbitro mexicano Benito Archundia soprou o apito pela última vez, terminando com o martírio de milhões de espectadores no estádio de Durban e ao redor do mundo. Em qualidade (ou falta de), a partida que fechou o Grupo G só superou o horror de Paraguai 0 x 0 Nova Zelândia. No primeiro tempo, foi pancadaria para todos os lados. Na etapa final... Bem, na etapa final, é... é... Faltou o Felipe Melo!
Primeiro tempo: A pátria de botas x a pátria de tamancos
Temia-se que a partida virasse um amistoso de luxo, já que o Brasil já estava classificado e Portugal só perderia vaga nas oitavas por um milagre marfinense. Amistoso nada, oh pá! Os primeiros 45 minutos foram um "ultimate fighting" com legendas em português. Botinadas e tamancadas à vontade. O principal combate do programa envolveu Felipe Melo e Pepe. Vamos aos melhores momentos do duelo na língua de Luís de Camões e Paulo Coelho...
21 minutos
O jogo já estava parado após falta de Tiago em Lúcio, mas para Felipe Melo não tem esse negócio de apito do juiz, não! O voltante viu Pepe se aproximando e lá brasileiro aplicar um golpe de caratê no luso-brasileiro. Travas da chuteira gravadas no braço do adversário.
39 minutos
Considerando o currículo de Felipe Melo e Pepe, estava na cara que o português daria o troco. E deu. E com juros e correção: uma entrada criminosa no tornozelo esquerdo do brasileiro. Após o pisão, Pepe trincou os dentes e mostrou ao brasileiro os dois indicadores em riste:
- Um a um... - provocou Pepe, que recebeu cartão amarelo pela agressão. Ficou barato, gajo! Pepe não foi nada legal com o brasileiro.
42 minutos
Felipe Melo não gosta de empate, pelo menos quando se trata de pancadaria. E foi para a tréplica. O volante entrou para rachar o português e levou o amarelo. Menos teatral que o adversário, não fez com os dedos o 2 a 1.
Irado com a atitude do companheiro, Gilberto Silva gritou:
- Pode ficar fora do jogo, cara@%#!!!
43 minutos
Com a "vitória" de Felipe Melo, Dunga decide tirar de campo o volante, candidatíssimo a um cartão vermelho-sangue. Na versão oficial de Dunga, o meia saiu de campo por causa de uma lesão.
Ao fim do jogo, perguntado sobre a razão de o jogo ter sido tão pegado, o técnico Carlos Queiroz ignorou o fato de os seus comandados terem levado mais cartões amarelos que os brasileiros (4 a 3).
- Tem que perguntar para a equipe do Brasil e não a de Portugal - disse o técnico luso, talvez se esquecendo de que Pepe é nascido na ex-colônia.
Segundo tempo: Botas e tamancos viram sapatilhas e pantufas
Será que o espetáculo de pancadaria seguiria por mais 45 minutos? Não. Algo aconteceu nos vestiários luso e tupiniquim. Talvez os jogadores tenham exagerado no isotônico de maracujá. Brasil se escreveu com Z, de zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz... E Portugal não ficou atrás. A única nota destoante foi o pisão de Raul Meireles nas costas de Júlio César. Mas logo depois, tome zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz... zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...
O jogo estava tão sonolento que os jogadores demoravam horas para deixar o campo nas substituições. Ninguém reclamava, a não ser o torcedor, enfadado com o antiespetáculo. E nem as vuvuzelas conseguiram abafar as vaias ao fim da partida. Para alegria de todos, Archundia pôs fim ao martírio. Um melancólico 0 a 0, placar que o Brasil não fazia desde a final de 1994. O Brasil das oitavas precisará de um bom energético para não repetir esse futebol de quinta.
(dunga diz que não ficou satisfeito com atuação da seleção contra portugal)
Júlio César - Foi o melhor em campo. Não que Portugal tenha massacrado o Brasil. Mas nas dois chutes perigosos, mostrou por que é considerado o melhor do mundo. Nota 7.
Lúcio - Travou um duelo à parte com Cristiano Ronaldo e ficou no empate. Nota 5.
Juan - Irreconhecível em campo. Errou na marcação, errou tempo de bola, enrolou-se... Nota 3.
Maicon - Muita disposição, mas pouca realização. Nota 4.
Michel Bastos - Repete atuações pífias e continua no time. Mas também: colocar quem no lugar? Nota 1.
Felipe Melo - 'Estreou' na Copa nesta partida, fazendo o que sabe: distribuiu botinadas, travando um duelo "emocionante" com o também violento Pepe. Nota 3. Saiu para a entrada de Josué, que teve mais de um tempo inteiro para mostrar a que veio. Não aproveitou. Nota 3.
Gilberto Silva - O de sempre: apagado, apagado. Ainda não se sabe qual é a sua função em campo. Nota 3.
Júlio Baptista - Errou tudo o que tentou e até o que pensou fazer. Nota 0. Saiu para a entrada de Ramires, que, em poucos minutos, conseguiu, obviamente, jogar melhor. Nota 4.
Daniel Alves - Acabou-se o mito de que, com ele, o Brasil teria mais qualidade no meio campo. O lateral-meia foi uma lástima em campo. Nota 1.
Luís Fabiano - Aquele jogador que brilhou contra a Costa do Marfim ficou na concentração brasileira. Foi nulo na maior parte do tempo. Nota 2. No seu lugar entrou Grafite, que não teve muito tempo para mostrar futebol. Sem nota.
Nilmar - No primeiro tempo levou perigo ao goleiro português, chegando a acertar a trave lusa. Mas, da etapa final, escondeu-se, como o resto do time. Nota 6.
Fonte: O Globo
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