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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Santos se iguala ao São paulo e torna-se tambem Tri das Américas



Praia santista amanheceu com símbolo gigante do Santos na areia
Foto: Diego Garcia/D.S. Garcia & Cia Ltda - Especial para o Terra


O clima na manhã desta quinta-feira na cidade de Santos era de ressaca. Após o título do Santos na Copa Libertadores nesta quarta, e os seguintes festejos que atravessaram a madrugada no litoral paulista, o que se viu nas primeiras horas de sol na cidade foi absoluto silêncio e pouca gente nas ruas. Para alegrar, apenas o símbolo gigante do clube que era esculpido nas areias da praia e atraia a atenção de curiosos.

A reportagem do Terra compareceu ao local da escultura por volta das 8 horas e presenciou os funcionários trabalhando desde cedo para finalizarem a obra, que tem dimensão total de 2,5 mil m² e já está 90% concluída. Em seguida, as ruas até então desertas e tomadas por sujeira e bandeiras pelo chão começaram a ser ocupadas, aos poucos, por torcedores satisfeitos.

A dona de casa Thereza Barbosa, por exemplo, foi caminhar no calçadão da praia trajando uma camisa alvinegra. "Tenho muito orgulho de torcer para esse time", disse, emocionada. Outro que também apareceu uniformizado logo entre os primeiros raios de sol foi João Cunha, aposentado de 78 anos. "Esperava por isso há quase 50 anos", afirmou, aos risos.

Por volta das 9h30 da manhã, a cidade começou a despertar das celebrações da noite anterior. Veículos com o hino do Santos no máximo volume circulavam em alta velocidade, estabelecimentos abriam com bandeiras do clube às portas e dezenas, que em breve devem tornar-se centenas, de pessoas passeavam orgulhosas com a vestimenta alvinegra. De minuto em minuto, o descanso dava lugar a uma festa que não deve ter hora para acabar.

O Santos voltou a conquistar a Copa Libertadores depois de 48 anos, após derrotar o Peñarol por 2 a 1, no Pacaembu. Agora, as atenções da cidade praiana devem voltar-se, pelos próximos seis meses, à disputa do Mundial de Clubes, que acontece em dezembro, no Japão. O tão sonhado tri mundial santista está mais próximo do que jamais esteve em meio século.


Celso Paiva
Dassler Marques
Diego Garcia
Direto de São Paulo


Quem esteve no Pacaembu nesta quarta-feira viu um garoto de rosto familiar pulando feito um louco a cada jogada de efeito do Santos, roubando a cena nos camarotes com suas celebrações animadas. Pelé, o "menino" de 70 anos, enfim vê seu trono com um substituto à altura. "O Rei Pelé já pode respirar tranquilo", dizia o jornal Marca na manhã desta quinta, abaixo de uma manchete de considerável tamanho: "o Rei Neymar".

"Hoje com certeza é o dia mais feliz da minha vida. Sonhei muito com este momento e é uma felicidade imensa realizar isto. A gente teve vários momentos marcantes no torneio. Das vitórias, mas acho que o principal foi aquelas partidas em que quase ficamos de fora da Libertadores e conseguimos dar a volta por cima", disse o jovem, ainda emocionado na saída do gramado.

Com uma exibição de gala, o astro santista voltou a fazer a diferença na Copa Libertadores. Foram gols decisivos, como o das classificações das quartas de final e da semifinal, contra Once Caldas-COL e Cerro Porteño-PAR, respectivamente, que ajudaram o atacante a escrever seu nome como protagonista na campanha de 2011, depois de uma noite mágica no Pacaembu, onde marcou o primeiro gol da vitória por 2 a 1 contra o Peñarol-URU na decisão.

Os números dele no torneio falam por si só. Dos 20 gols santistas, Neymar teve participação direta em nove ¿ foram seis marcados e outras três assistências. Finalizações, 37, além de exatos 25 minutos de posse de bola. Dribles então, nem se fala ¿ incríveis 113 em 13 partidas disputadas. Apenas nos dois confrontos finais foram 22, somente dois a menos que o número todo do time do Peñarol somado nos dois embates.

Aliás, foi justamente quando o Santos mais precisou dele que ele brilhou. Exatos 60 segundos haviam se passado no cronômetro do segundo tempo quando ele recebeu passe preciso de Arouca e bateu de primeira, rasteiro, no canto esquerdo do goleiro Sosa. Ali, Neymar começava a virar mais Pelé do que qualquer outro aspirante a craque que já vestira o manto alvinegro nos últimos 48 anos.

Depois disso, os demais 44 minutos foram mero cumprimento das regras. Formalidade excessiva. Neymar bagunçou, driblou, brigou, perdeu um gol pela esquerda e reclamou de pênalti não marcado, após se atirar dentro da área e ver o árbitro simplesmente ignorar ¿ a fama de "cai-cai" constantemente atrapalha nesses momentos - e partiu para a briga ao término do jogo quando o clima esquentou.

Antes, ainda teve tempo para dar passe precioso para Ganso chutar mal e ver Zé Eduardo desperdiçar um dos gols mais "feitos" da história da Libertadores, minutos antes do apito final que o consagraria de vez e o colocaria no patamar dos maiores ídolos santistas de todos os tempos. Com 19 anos, Neymar foi de "monstro" a galã, de "filé de borboleta" a gênio, de polêmico a "Messi brasileiro", de adolescente a papai.

Que ele será como Pelé ainda é muito precoce dizer. Afinal, como definiu o próprio ex-atleta, "tem que fazer 1.283 gols". Mas já dá para afirmar que, ao menos, o legado do "Rei" está em boas mãos. Foram necessários 48 anos para que o gigante clube da Vila Belmiro despertasse de um sono profundo. Bastou chegar um menino franzino, com o número 11 nas costas e um penteado diferente, que lembra uma crista de galo. Ou uma coroa...

Veja todos os números de Neymar na Libertadores, de acordo com o Footstats

Jogos: 13
Gols: 6
Assistências: 3
Finalizações: 37
Dribles: 113
Cruzamentos: 30
Lançamentos: 4
Bolas perdidas: 170
Posse de bola: 25min01
Faltas: 58 recebidas e 18 cometidas
Cartões: 6 amarelos e 1 vermelho

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